Descoberto carnívoro gigante que aterrorizou a África
Em um estudo publicado hoje no periódico Journal of Vertebrate Paleontology (1), paleontólogos da Universidade de Ohio, EUA, descreveram a descoberta de uma nova espécie de mamífero carnívoro gigante, o Simbakubwa kutokaafrika. Com 1,5 toneladas de massa corporal e provavelmente maior do que quaisquer grandes carnívoros terrestres hoje vivos - como leões, tigres e ursos-polares -, esse hipercarnívoro tinha um crânio maior do que um rinoceronte, dentes caninos enormes e afiados, e habitou o leste da África entre ~15 e ~20 milhões de anos atrás, durante o início do Mioceno, em um ecossistema ocupado por nossos primitivos ancestrais primatas.
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A descoberta foi feita quando os pesquisadores se depararam com os fósseis do carnívoro gigante no Museu Nacional do Quênia, englobando uma mandíbula quase completa, porções do seu crânio e outras partes do seu esqueleto. Os fósseis foram datados em 22 milhões de anos e foram desenterrados no Quênia há décadas atrás. No entanto, os fósseis não chamaram a atenção dos responsáveis pelo museu e ficaram guardados dentro de uma gaveta em meio a outras coleções de espécimes.
A nova espécie do gênero Simbakubwa (palavra em Swahili que significa 'grande leão') não é parente dos grandes felinos Africanos como o nome sugere, mas, sim, faz parte de um extinto grupo de mamíferos chamados hiaenodontes (família Hyainailourinae), estes os quais foram os primeiros carnívoros a habitarem a África. Por cerca de 45 milhões de anos após a extinção dos dinossauros não-aviários (~65 milhões de anos atrás), os hianodontes foram os predadores dominantes do território Africano. Então, após vários milhões de anos de quase-isolamento, os movimentos tectônicos das placas terrestres conectaram a África com os continentes ao norte (Eurásia), permitindo que uma grande troca de fauna e flora entre essas massas continentais. Isso possibilitou que os ancestrais dos felinos, hienas e cães conquistassem o nicho carnívoro na África. As espécies do gênero Simbakubwa também aproveitaram o novo cenário geológico para se espalharem globalmente.
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É incerto ainda o que levou à extinção do S. kutokaafrika ao redor do mundo ao longo do Mioceno tardio, mas é sabido que entre 15 e 18 milhões de anos atrás os ecossistemas globais estavam sofrendo uma drástica mudança, com as savanas substituindo as florestas, o clima ficando mais seco e novas linhagens de mamíferos se diversificando. Para predadores terrestres gigantes, o novo ambiente provavelmente não foi generoso. Sendo um hipercarnívoro, o S. kutokaafrika pode ter se especializado na caça de grandes herbívoros (como elefantes e rinocerontes), e, quando o clima e vegetação mudaram, suas presas foram significativamente afetadas a nível populacional, com consequentes graves prejuízos para esse carnívoro.
De qualquer forma, os fósseis re-descobertos já estão fornecendo valiosas informações sobre a evolução e dispersão geográfica dos hiaenodontes.
(1) Publicação do estudo: JVP
Descoberto carnívoro gigante que aterrorizou a África
Reviewed by Saber Atualizado
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abril 18, 2019
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