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A série '13 Reasons Why' fez os casos de suicídios entre adolescentes aumentarem nos EUA, sugerem estudos




Um estudo publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry (1) revelou que aproximadamente 195 mais suicídios entre adolescentes ocorreram associados com a série da Netflix '13 Reasons Why' nos nove meses imediatamente pós-lançamento do show. O estudo - liderado por pesquisadores do Nationwide Children´s Hospital - corrobora um estudo anterior publicado no final do ano passado no Psychiatric Services (2), o qual tinha mostrado que uma significativa proporção de adolescentes suicidas tratados em um departamento psiquiátrico de emergência disseram que assistir à série aumentou o risco deles de suicídio. Já um segundo estudo recentemente publicado na Social Science & Medicine (3) encontrou que a segunda temporada da série, que estreou em maio de 2018, parece ter tido efeitos benéficos e prejudiciais.

(2) Para mais informações, acesse: A série '13 Reasons Why' está influenciando nos casos de suicídio entre adolescentes

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A série de drama teve um sucesso assombroso na sua primeira temporada, principalmente entre os adolescentes. Baseada em um livro de mesmo nome (Thirteen Reasons Why, 2007, de Jay Asher), a série estreou no dia 31 de março de 2017 e a história da primeira temporada centra-se em uma estudante de 17 anos de idade que, antes de tirar a própria vida, registra em fitas cassetes 13 razões pelas quais ela realizou tal ato. A série gerou bastante controvérsia pela forma como retratava o suicídio, levantando preocupações entre especialistas de saúde sobre os potenciais impactos negativos sobre jovens mais vulneráveis (depressivos, por exemplo).

"Essa série tem sido um real fenômeno, especialmente entre adolescentes," disse Victor Hong, diretor médico dos serviços psiquiátricos de emergência na Escola de Medicina de Michigan, em entrevista para o jornal da Universidade de Michigan (2). "Seu retrato do suicídio juvenil tem levado grande preocupação entre pais, profissionais de saúde e educadores. Nosso estudo não confirma que a série está aumentando o risco de suicídio, mas confirma que nós definitivamente precisamos nos preocupar sobre o impacto dela em jovens mais vulneráveis e impressionáveis."

"Poucos acreditam que esse tipo de exposição à mídia irá levar as crianças e adolescentes que não estão depressivos a tentarem um suicídio. A real preocupação é sobre como essa exposição pode impactar negativamente jovens que já estão psicologicamente instáveis, próximos de um limite," completou Hong.

"A personagem principal é facilmente identificável com vários adolescentes," disse Hong. "Ela é uma garota adolescente que sofreu de abusos sexuais, bullying e ansiedade - todos fatores que, infelizmente, impactam vários dos nossos jovens hoje."


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No novo estudo sobre a primeira temporada da série, foi demonstrado que seguindo sua estreia no dia 31 de março de 2017, o mês de abril de 2017 teve a mais alta taxa de suicídio no território Norte-Americano durante os cinco anos do estudo entre jovens de 10 a 17 anos de idade. No entanto, entre indivíduos com mais de 18 anos, não houve significativa associação. As análises estatísticas foram realizadas com dados de suicídios obtidos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

Já no segundo estudo sobre a segunda temporada, pesquisadores da APPC (Annenberg Public Policy Center) da Universidade da Pennsylvania e de outras três instituições conduziram uma análise completa para entender os efeitos da série nos jovens adultos Norte-Americanos com idades de 18 a 29 anos nos EUA após sua estréia em maio de 2018. Os pesquisadores encontraram basicamente que:

- Espectadores que paravam de assistir à segunda temporada no meio do caminho reportaram um maior risco para futuros suicídios e um menor otimismo sobre o futuro do que aqueles que assistiram à temporada completa;

- Estudantes - que representavam quase 60% da amostra de participantes - estavam, no geral, associados a um maior risco de suicídio. Dos espectadores que abandonaram a série no meio do caminho, estudantes eram os que estavam com um maior risco de suicídio do que não-estudantes;

- A série parece ter tido um efeito benéfico sobre estudantes que viram toda a segunda temporada. Eles eram menos prováveis de reportarem recentes auto-agressões e pensamentos de terminar suas vidas do que estudantes que não assistiram à série em momento algum. E espectadores em geral eram mais prováveis de expressar interesse em ajudar uma pessoa suicida, especialmente quando comparado com aqueles que pararam de assistir à temporada;

- Os alertas da Netflix sobre o potencial de distúrbio do conteúdo da série que precedeu a segunda temporada parece ter aumentado o número de espectadores mas não parece ter prevenido indivíduos vulneráveis de assisti-la. Ou seja, os alertas foram ineficientes.

Portanto, os dois estudos reforçam que os pais devem ficar atentos com o conteúdo áudio-visual sendo consumido pelos seus filhos, especialmente se esses se encontram em um grupo de indivíduos mais vulneráveis. Em específico, a exposição de adolescentes à série '13 Reasons Why' é motivo de preocupação para os pais. Porém, em jovens no geral, a série pode proporcionar certos benefícios, como uma maior conscientização e simpatia em relação ao sofrimento que passa uma pessoa com tendências suicidas.

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ATUALIZAÇÃO (02/06/19): Um estudo publicado no JAMA Psychiatry (4), apesar de não corroborar quantitativamente o estudo publicado no JAACAP, também encontrou um substancial aumento no número de suicídios entre jovens de 10 a 19 anos nos EUA, principalmente mulheres (22% aumento contra 12% de aumento entre os homens), de 13% nos três primeiros meses após a estreia da primeira temporada, o que se traduz para 94 casos extras de suicídio além do esperado pelas taxas do mesmo período anterior.

ATUALIZAÇÃO (05/02/20): Já um estudo publicado na PLOS ONE (5) não encontrou um aumento de suicídios entre indivíduos do sexo masculino associado à série, e apenas um pequeno aumento, mas não significativo entre indivíduos do sexo feminino. O autor, Dr. Daniel Romer concluiu que é difícil atribuir reais efeitos deletérios da série na saúde mental do público, incluindo adolescentes.

ATUALIZAÇÃO (19/11/20): Em outro estudo publicado também na PLOS ONE (6), Romer, reafirmou sua conclusão prévia.
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(1) Publicação do estudo: JAACAP

(3) Publicação do estudo: SSM

(4) Publicação do estudo: JAMA

(5) Publicação do estudo: PLOS ONE

(6) Publicação do estudo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0239574

Para mais informações sobre o tema, acesse: Mitos e esclarecimentos sobre o suicídio

A série '13 Reasons Why' fez os casos de suicídios entre adolescentes aumentarem nos EUA, sugerem estudos A série '13 Reasons Why' fez os casos de suicídios entre adolescentes aumentarem nos EUA, sugerem estudos Reviewed by Saber Atualizado on abril 29, 2019 Rating: 5

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