Macacos na Costa Rica estão ficando amarelos

Pesquisadores começaram a notar nos últimos cinco anos que os macacos da espécie Alouatta palliata - uma espécie de bugio que habita a América Central e do Sul - começaram a expressar manchas grandes e bem visíveis de coloração amarelada na pelagem das suas pernas e cauda, as quais antes eram totalmente pretas. Essa é a primeira observação e evidência de uma rápida mudança de pigmentação a nível estrutural na pelagem de primatas. E a culpa disso parece ser nossa.

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Para tentarem descobrir o que estava acontecendo, os cientistas analisaram a pelagem de um indivíduo dessa espécie que estava sofrendo a mudança de cor, através da técnica de espectrometria Raman. Normalmente, os A. palliata possuem um tipo de melanina (o pigmento que dá a cor de pelos/cabelos e células epidérmicas) chamado de eumelanina que é é preto, cinza ou marrom escuro. Nos misteriosos pelos amarelos, os pesquisadores apontaram que a melanina ali presente tinha mudado para um tipo contendo enxofre na estrutura chamado de feomelanina, visto em animais com tonalidades amarelas, vermelhas ou laranjas.

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Muitos animais com colorações anômalas têm sido observados em florestas cercadas de campos de plantações onde pesticidas contendo substâncias sulfurosas (com enxofre) frequentemente são usados. Exposição a essas substâncias podem aumentar a disponibilidade de sulfidrilas às células, o que pode favorecer a síntese de feomelanina em melanócitos e explicar a mudança de pigmentação vista nos bugios, estes os quais, de fato, estão cercados por imensas plantações intensivas de banana, abacaxi e palma. Parte dos melanócitos da espécie A. palliata são geneticamente programados para sintetizar feomelanina (parte da coloração da pelagem dessa espécie inclui um pouco de laranja), sugerindo que o número de melanócitos sintetizando esse pigmento está aumentando de forma descontrolada. Esse processo pode estar sendo fomentando pela maior ingestão e absorção de compostos sulfurosos.

E não apenas a exposição aos pesticidas é o problema. A mudança de cor trazida como efeito colateral pode colocá-los perigosamente na mira dos predadores - como felídeos e harpias -, devido à quebra de camuflagem dentro das densas florestas. E o pior, cada vez mais macacos na região estão sendo atingidos com o fenômeno, com alguns possuindo a pelagem no corpo inteiro já quase que totalmente amarelada ou totalmente amarelada.

Os pesquisadores publicaram os achados esta semana na Mammalian Biology.