As emissões de dióxido de carbono pelas plantas estavam sendo muito subestimadas

Em um estudo liderado por pesquisadores da University of Minnesota College of Food, Agricultural and Natural Resource Sciences (CFANS), em parceria com vários cientistas ao redor do mundo, foi sugerido que a respiração das plantas é uma fonte muito maior de dióxido de carbono do que antes estimado. E isso traz ainda mais preocupações em termos de mudanças climáticas.

Os achados, publicados na Nature Communications, são baseados em dados da GlobResp, esta a qual compreende mais de 10 mil medidas de dióxido de carbono sendo emitidas por diversas espécies. Juntando esses dados com modelos computacionais de simulação do ciclo terrestre de carbono, foi mostrado que as emissões globais de gás carbônico das plantas parece ser 30% maiores do que antes estabelecido.

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A maioria absoluta das plantas, como muitos devem saber, capturam e armazenam a energia solar através da fotossíntese. Durante a fotossíntese, as plantas convertem o dióxido carbono do ar em moléculas de glicose - e, subsequentemente, em outras macromoléculas derivadas - que elas usam para se alimentar e construir seus tecidos. Nesse processo, as plantas também liberam gás oxigênio para o ar, sustentando o equilíbrio ecológico. Porém, para metabolizar os carboidratos sintetizados e conseguirem energia para suas funções, elas respiram como os seres aeróbicos - como nós -, utilizando gás oxigênio para "queimar" esses macronutrientes e liberando dióxido de carbono como subproduto.

Em outras palavras, as plantas tanto absorvem quanto emitem dióxido de carbono, e a diferença quantitativa entre ambos define o quão bem as plantas agem para limpar o ar do excesso desse gás.

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Em faixas normais de temperatura nas quais as plantas se adaptaram evolutivamente em seus habitats, essa diferença é mantida constante. Mas um aumento na temperatura acima do normal, geralmente aumenta a respiração das plantas. A respiração é um processo mais estável do que a fotossíntese em temperaturas maiores, onde essa última para completamente acima de uma temperatura limite enquanto a respiração continua normalmente. No geral, com distúrbios na temperatura ambiente, a fotossíntese tende a ser o primeiro processo prejudicado.

À medida que as temperaturas médias globais aumentam com o processo do aquecimento global, é estimado que a respiração das plantas irá aumentar significativamente. Isso prejudica enormente o papel desses seres de controlarem os níves de dióxido de carbono da atmosfera, piorando ainda mais as mudanças climáticas, ainda mais considerando que a contribuição delas para a produção desse gás parece ser bem maior do que o estimado.

Somando-se a isso, estudos anteriores já tinham mostrado que as taxas de respiração das plantas não diminuem com o aumento da concentração de dióxido de carbono, mantendo-se relativamente estáveis. Ou seja, não parece existir um contra-balanço compensando o aumento acentuado da temperatura.

Os achados deste estudo, se confirmados, irão alterar em peso os modelos climáticos em atual uso, especialmente considerando que hoje a superfície terrestre - o que inclui em grande parte as plantas - absorve cerca de 25% das emissões de dióxido de carbono.

Publicação do estudo: Nature

Referências adicionais:
1. https://earthobservatory.nasa.gov/GlobalMaps/view.php?d1=MOD17A2_M_PSN
2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15355864
3. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1512188716300215