Acredite se quiser: Zika vírus ajudando a combater tumores cerebrais!

Todos os anos nos EUA, cerca de 12 mil pessoas são diagnosticadas com glioblastoma, a forma mais comum de câncer cerebral. Os tratamentos hoje disponíveis são muito agressivos - cirurgia, seguida de quimioterapia e radiação -, e, mesmo assim, a maior parte dos tumores sofrem recorrência em seis meses. Mas, agora, pesquisadores norte-americanos descobriram uma nova arma contra esse câncer: o Zika vírus!

Uma pequena população de células, conhecidas como células-tronco glioblastomas, frequentemente sobrevivem ao massacre dado pelos tratamentos e continuam a se dividir, produzindo novas células tumorais entrando no lugar daquelas destruídas pela quimioterapia e outras técnicas. E esse processo de recorrência acaba eventualmente levando à morte do paciente em grande parte das vezes. E aqui é que entra o Zika vírus.

Responsável pelas terríveis epidemias recentes aqui na América Latina, e outras de menor proporção em outras partes do mundo, e causando grande dano no cérebro de fetos (levando ao desenvolvimento de cabeças deformadas e pequenas), o Zika vírus provou que consegue matar as células resistentes de glioblastoma, estas as quais são similares às células neuroprogenitoras que são o alvo específico do vírus nos fetos.

Ratos com o tumor cerebral - do tipo glioblastoma - que receberam injeções com o vírus, tiveram seus tumores reduzidos e sobreviveram mais do que aqueles que receberam placebo (no caso, solução salina). Enquanto os tratamentos tradicionais contra o câncer destroem as células tumorais normais, o Zika vírus destrói as resistentes.

Para evitar que o sistema imune destrua o vírus em pacientes com esse câncer, a injeção virótica seria dada diretamente no cérebro. Pode parecer loucura injetar uma grande quantidade de vírus no cérebro de uma pessoa, mas o Zika vírus é bem fraco e raramente causa sintomas de relevância em adultos. Além disso, o paciente estará sendo monitorado. E, somando-se a tudo isso, suas células quase exclusivas de ataque - neuroprogenitoras - encontram-se em quantidade ínfima no cérebro adulto.

Para aumentar a segurança, os cientistas também introduziram duas mutações no Zika vírus para diminuir sua capacidade de combater o sistema imune humano. Como as células tumorais geralmente possuem uma fraca defesa imune, o vírus ainda continua potente no ambiente tumoral.

*Na imagem de capa, à esquerda, células tumorais no cérebro sendo atacadas pelo Zika vírus. À direita, o resultado da devastação.

Referência: WUSTL