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Estudo mostra que a língua do Panda evoluiu para comer bambu


Os Pandas-Gigantes (Ailuropoda melanoleuca) são praticamente herbívoros, mas possuem um intestino típico de carnívoros, pouco apropriado para a digestão das folhas e outras partes do bambu (sua quase exclusiva refeição). Aliás, esse animal é da ordem dos carnívoros. Apesar de manterem as presas, garras, capacidade digestiva e força para caçar pequenos mamíferos, aves, peixes e ovos, os pandas raramente o fazem. A sua digestão de celulose depende de sua microbiota intestinal (bactérias digerindo a celulose via fermentação). Em outras palavras, o Panda mostra-se um exemplo de mamífero carnívoro evoluindo para um mamífero herbívoro, mas em seus passos evolutivos iniciais. E, agora, um estudo publicado na Integrative Zoology (1) reforçou isso.


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Enquanto os Pandas-Gigantes mantiveram vários dos traços carnívoros dos seus ancestrais, parece que uma parte deles evoluiu com notória expressividade em direção à uma dieta herbívora: a língua. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo novo estudo, à medida que os ancestrais dos Pandas trocavam uma dieta carnívora para uma dieta basicamente herbívora, a sensação de gosto amargo se tornou melhor, ajudando-os a detectar perigosas toxinas no bambu. Analisando a família específica de genes TAS2R (TAS2R1, TAS2R2, etc.) - os quais codificam receptores do gosto amargo dentro das papilas gustativas - tanto nos Pandas-Gigantes quanto nos Pandas-Vermelhos (Ailurus fulgens) - ambas as espécies apreciadoras de bambu (>90% da dieta), mas pertencendo à ordem Carnívora -, e comparando seus genomas com sete outros primos próximos do panda, incluindo o urso polar e o guepardo, os pesquisadores encontraram que as duas espécies de 'pandas' possuem 16 genes intactos de receptores para o gosto amargo, mais dos que seus parentes carnívoros próximos analisados, os quais possuem entre 10 e 14.

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A maior parte das plantas possuem toxinas amargas e muitas vezes bastante perigosas, como o cianeto, nicotina e a ricina, as quais servem para deter o ataque dos herbívoros. Nesse sentido, esse é o provável motivo do porquê os herbívoros são mais sensitivos ao gosto amargo dos que os carnívoros, estes os quais raramente encontram tais toxinas durante as refeições. Como um exemplo extremo, podemos citar as baleias, mamíferos estritamente carnívoros que perderam completamente a sensação de amargo na língua especialmente por não mais mastigarem a comida ingerida, apenas a engolem.

Os pandas são um caso interessante, onde esses animais - incluindo o panda-vermelho - evoluíram para uma dieta vegetariana há cerca de 7 milhões de anos, quando, por motivos ainda não totalmente conhecidos, seus ancestrais carnívoros passaram a consumir quase que exclusivamente vegetais, no caso, o bambu. O massivo crescimento de florestas de bambu na China pode ter fomentando essa mudança alimentar. De qualquer forma, durante esse processo, pesquisas genéticas já mostraram que quando os Pandas-Gigantes começaram a comer bambu, eles acabaram perdendo a habilidade de sentir o umami, o sabor característico das carnes (baseado no glutamato). Por outro lado, o novo estudo sugere que eles compensaram isso com uma maior sensibilidade para o amargo, marcando um marcante passo evolutivo inicial para um organismo adaptado à uma dieta herbívora.

Além disso, um gene nos Pandas-Gigantes - o TAS2R42 - mostrou ter acumulado mutações com incrível velocidade comparado com seus outros genes, ou seja, um claro sinal que a seleção natural favoreceu essas mutações em um gene importante para uma vida vegetariana. Nesse sentido, parece que essas mutações conferiram uma super versão do gene para melhor detectar as toxinas que podem estar presentes no bambu. Segundo os autores do estudo, essa é mais importante evidência de que os Pandas-Gigantes evoluíram adaptativamente para melhor consumir o bambu.

Agora, os pesquisadores querem testar as toxinas do bambu para esclarecer se os receptores de sabor amargo na língua do Panda-Gigante realmente conseguem os detectar bem, e se o 'super-TAS2R42' é de fato uma versão otimizada para detectá-los. Se positivo, isso confirma a evolução da língua desses adoráveis mamíferos em benefício da sua nova dieta verde.


(1) Publicação do Estudo: OnlineLibrary


Estudo mostra que a língua do Panda evoluiu para comer bambu Estudo mostra que a língua do Panda evoluiu para comer bambu Reviewed by Saber Atualizado on fevereiro 01, 2018 Rating: 5

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