Cientistas reportam os dois primeiros casos documentados de girafas com nanismo
Cientistas reportaram os primeiros casos conhecidos de girafas com nanismo, uma com 2,8 metros de altura e a outra com 2,6 metros. O achado foi reportado e descrito no periódico BMC Research Notes (1). Os espécimes em questão foram diagnosticados com displasia esquelética, uma condição que afeta o crescimento ósseo e que é rara no meio selvagem. A condição significativamente encurtou as pernas dessas girafas - impossibilitando corridas ou chutes de defesa efetivos -, mas não teve efeito significativo no comprimento do pescoço de uma delas.
Displasias esqueléticas englobam desordens cartilaginosas ou esqueléticas que podem resultar em anormalidades no desenvolvimento ósseo. Essas anomalias anatômicas são às vezes caracterizadas por encurtamento e anatomia apendicular esquelética irregularmente proporcional, resultando no que popularmente é descrito como nanismo desproporcional. Displasias esqueléticas podem ser causadas por um diverso conjunto de etiologias moleculares e podem se manifestar em diferentes formas incluindo micromelia (encurtamento de todo o membro), rizomelia (encurtamento do fêmur) e mesomelia (encurtamento do rádio, ulna, tíbia e fíbula).
Formas de displasias esqueléticas têm sido descritas em um amplo espectro de animais domésticos e em cativeiro, incluindo cães, vacas, porcos, ratos e saguis. No entanto, observações desse tipo de anomalia anatômica em animais selvagens são raras, com notáveis registros de condridisplasia em um veado-vermelho (Cervus elaphus) na Escócia e de nanismo desproporcional em um elefante-Asiático (Elephas maximus) no sul do Sri Lanka.
No novo estudo, os pesquisadores descreveram síndromes de displasia esquelética em dois distintos táxons de girafas: uma girafa-Nubiana (Giraffa camelopardalis camelopardalis) em Uganda e uma girafa-Angolana (Giraffa giraffa angolensis) na região central da Namíbia. Ambas as girafas eram espécimes sub-adultos machos: a girafa-Nubiana foi estimada ter 4 anos de idade e a girafa-Angolana pelo menos 15 meses na época das análises. O vídeo abaixo traz filmagens dos dois espécimes.
Aplicando análises morfométricas comparativas, os pesquisadores encontraram que ambas as girafas exibiam dimensões metacarpais significativamente mais curtas do que a média normal para sub-adultos machos (1-6 anos; 65,1 cm): girafa-Nubiana (37,6 cm) e girafa-Angolona (50,5 cm). Ambas as girafas também exibiram um comprimento do rádio (osso da parte inferior das pernas dianteiras) bem menor (Nubiana, 52,35 cm; Angolana, 50,89 cm) do que a média encontrada para sub-adultos (72,17 cm). Porém, enquanto que a girafa-Angolana exibiu um pescoço menor (101,15 cm) do que a média (135,21), a girafa-Nubiana exibia um pescoço maior (146,13 cm) do que a média. Na imagem abaixo, podemos ver as duas girafas (b e c) com displasia esquelética.
Como mostrado no vídeo anterior, as girafas exibem dificuldade em se movimentar, tendendo a mancar e expressando um modo limitado de andar. Além disso, para ambas as girafas, como são indivíduos machos, acasalamento efetivo parece ser fisicamente impossível (incapacidade de montar adequadamente na fêmea), sugerindo uma inabilidade de transferir qualquer potencial gene associado com essa condição.
(1) Publicação do estudo: https://bmcresnotes.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13104-020-05403-9
Reviewed by Saber Atualizado
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janeiro 22, 2021
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