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Primeira vacina testada em humanos se mostra segura e capaz de gerar resposta imune

  

A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) já acumulou mais de 5,3 milhões de casos confirmados de infecção ao redor do mundo e sua doença associada, COVID-19, já levou quase 341 mil pessoas oficialmente a óbito. O Brasil se tornou o terceiro país com mais casos confirmados e já acumula mais de 21 mil mortes registradas. E mesmo esses números tão altos estão sendo muito subestimados, especialmente no Brasil, onde a testagem por milhão de habitantes está dramaticamente baixa. A criação de uma vacina efetiva é vista como a solução de longo prazo para controlar  a pandemia e, atualmente, existem mais de 100 dessas vacinas contra a COVID-19 sendo desenvolvidas e/ou testadas ao redor do mundo.

Nesse sentido, em um estudo publicado ontem no periódico The Lancet (1), pesquisadores Chineses reportaram que a primeira vacina contra a COVID-19 a alcançar a fase I de testes clínicos em humanos se mostrou segura, bem-tolerada e capaz de gerar uma resposta imune específica para o SARS-CoV-2. O estudo envolveu 108 adultos saudáveis, acompanhados por um período de 28 dias após a administração da vacina. 

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"Esses resultados representam um importante avanço. O teste clínico demonstrou que uma única dose da nova vacina adenovírus tipo 5 vetorial COVID-19 [Ad5-nCoV] produziu anticorpos específicos e células-T em 14 dias, tornando-a uma potencial candidata para mais investigações", disse o professor Wei Chen do Instituto de Biotecnologia de Beijing, China, e autor principal do estudo, em entrevista para o The Lancet (2). "No entanto, esses resultados precisam ser interpretados com cautela. Os desafios nos desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19 não possuem precedentes, e a habilidade de engatilhar essas respostas imunes não necessariamente indicam que a vacina irá proteger humanos da doença. Esses resultados mostram uma promissora visão para o desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19, mas nós ainda temos um longo caminho para a vacina testada estar disponível para todos."

A nova vacina Ad5-nCoV avaliada no novo estudo é a primeira a ser testada em humanas. Essa vacina usa um vírus de resfriado comum enfraquecido - um adenovírus modificado, no caso, capaz de infectar células humanas prontamente mas incapaz de causar doenças - para entregar material genético que codifica para a glicoproteína spike (S) do SARS-CoV-2 (gene S clonado e inserido no DNA do adenovírus). Essas células infectadas, então, produzem a proteína S e viajam para os nódulos linfáticos do organismo onde o sistema imune cria anticorpos que irão reconhecer a proteína, tornando o corpo capaz de lutar contra infecções futuras causadas pelo novo coronavírus (por já possuir anticorpos específicos capazes de reconhecer a estrutura proteica na superfície do SARS-CoV-2).

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O estudo avaliou a segurança e a habilidade de se gerar resposta imune de diferentes dosagens da vacina Ad5-nCoV em 108 adultos saudáveis (51% homens e 49% mulheres) entre as idades de 18 e 60 anos (média de 36,3 anos) que não foram infectados pelo SARS-CoV-2. Os voluntários foram recrutados de um local em Wuhan, China, e se comprometeram a receber ou uma única dose intramuscular da nova vacina em baixa dose (5 x 10^10 partículas virais para cada 0,5 mL), dose moderada (1x10^11 partículas virais/0,5 mL), ou uma dose alta (1,5 x 10^11 partículas virais/1,5 mL). Todos os três grupos englobavam 36 voluntários cada.

Na próxima etapa, os pesquisadores testaram o sangue dos voluntários a intervalos regulares seguindo a vacinação para ver se a vacina estimulava os dois braços do sistema imune: a resposta humoral do corpo (a parte do sistema imune que produz anticorpos neutralizantes os quais podem lutar contra infecção e podem oferecer um nível de imunidade) e o braço célula-mediado do corpo, o qual depende de um grupo de células-T, ao invés de anticorpos, para lutar contra o patógeno alvo. Uma vacina ideal gera tanto anticorpos quanto resposta das células-T.

Os resultados das análises mostraram que a vacina se mostrou bem tolerada em todas as doses sem sérios eventos adversos reportados dentro de 28 dias após a vacinação. As reações adversas mais comuns foram dor leve no local de aplicação da vacina (54%), febre (46%), fatiga (44%), dor de cabeça (39%) e dor muscular (17%).

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Dentro de duas semanas de vacinação, todas as doses engatilharam algum nível de resposta imune na forma de anticorpos ligantes (que se ligam ao vírus mas que não necessariamente o ataca) e alguns dos voluntários expressaram níveis de anticorpos neutralizantes. Após 28 dias, a maioria dos participantes tiveram um aumento do número de anticorpos ligantes de 4x (acima de 94% e alcançando 100% no grupo de alta dose) e no mínimo 50% dos voluntários expressaram anticorpos neutralizantes em todos os grupos, alcançando 75% daqueles no grupo de alta dose. 

Importante, a vacina Ad5-nCoV também estimulou uma rápida resposta de células-T na maioria dos voluntários, a qual alcançou um pico 14 dias após a vacinação e foi maior naqueles recebendo doses altas ou moderadas da vacina, onde 97% dos voluntários expressaram células-T. Após 28 dias, a maioria dos voluntários ainda mostraram resposta imune positiva mediada por célula-T ou tinham níveis detectáveis de anticorpos contra o SARS-CoV-2 (78% naqueles no grupo de baixa dose, 92% naqueles de dose moderada, e 100% naqueles de dose alta).

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No entanto, os autores do estudo também notaram que a resposta imune tanto mediada por célula-T quanto por anticorpos podia ser reduzida caso o indivíduo possua imunidade pré-existente ao adenovírus tipo 5, fenômeno visto em 44%-56% dos participantes. Além disso, o estudo englobou um pequeno número de participantes, foi de relativa curta duração e não foi randomizado com controle, o que limita substancialmente a detecção de reações adversas e o fornecimento de robusta evidência para a habilidade da vacina de gerar resposta imune.

Nesse sentido, uma fase clínica II para a vacina Ad5-nCoV - randomizada, controlada e em duplo-cego - será realizada em Wuhan para determinar se os resultados podem ser replicados, e se existe quaisquer eventos adversos até 6 meses após a vacinação, em 500 adultos saudáveis: 250 voluntários recebendo a dose moderada, 125 voluntários recebendo a dose baixa, e 125 recebendo um placebo (controle). Nessa fase, serão também incluídos participantes acima dos 60 anos de idade, população que constitui o principal alvo da vacina.


(1) Publicação do estudo: The Lancet

(2) Referência adicional: Eurekalert (The Lancet Press)

Primeira vacina testada em humanos se mostra segura e capaz de gerar resposta imune Primeira vacina testada em humanos se mostra segura e capaz de gerar resposta imune Reviewed by Saber Atualizado on maio 23, 2020 Rating: 5

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