Composto na maconha atua como um poderoso antibiótico
Doenças ligadas à resistência bacteriana aos medicamentos irão matar um extra de 10 milhões de pessoas a partir de 2050 se nenhuma medida de prevenção for adotada. Algumas estimativas sugerem que se o ritmo de emergência da resistência bacteriana continuar o mesmo observado hoje, em 35 anos nenhum antibiótico em atual uso será capaz de combater mais nenhuma doença bacteriana. Para piorar, nos últimos 30 anos, nenhuma nova classe de antibióticos foi descoberta, o que dificulta ainda mais o combate de cepas bacterianas já resistentes.
Agora, um estudo publicado no periódico ACS Infectious Diseases (1) revelou o grande potencial antibiótico de um composto da maconha não-psicoativo chamado de canabigerol (CBG) - estrutura molecular na imagem acima -, o qual mostrou controlar a infecção por cepas da bactéria Staphylococcus aureus (MRSA) resistentes ao antibiótico meticilina. O achado reforça o grande potencial terapêutico da maconha.
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Estudos prévios já tinham mostrado que alguns canabinoides podem desacelerar o crescimento de bactérias gram-positivas, como a S. aureus, mas não gram-negativas, como a E. coli. No novo estudo, os pesquisadores resolveram testar as propriedades antibacterianas de vários canabinoides tanto contra a MRSA quanto contra bactérias gram-negativas. No total, foram 18 moléculas derivadas da planta da maconha (Cannabis sativa, no caso), incluindo o canabidiol (CBD), tetrahidrocanabinol (THC) e o CBG. Os pesquisadores também testaram a habilidade dessas substâncias de prevenir a formação de biofilmes sobre superfícies e de matar MRSA dormente-persistente altamente resistente a antibióticos.
Os resultados iniciais mostraram que o CBG foi o mais eficiente nos testes, com esse componente, portanto, sendo o escolhido para ser melhor explorado. Quando os pesquisadores trataram ratos infectados com MRSA via CBG, o composto funcionou tão bem quanto a vancomicina, um poderoso antibiótico. O CBG mostrou atuar na membrana celular das bactérias gram-positivas, mas, por si só, não mostrou-se efetivo contra bactérias gram-negativas, estas as quais possuem uma membrana exterior adicional. No entanto, os pesquisadores também mostraram que com o auxílio de outra droga (polimixina B) para danificar a membrana externa, o CBG pode alcançar a membrana interna e matar bactérias patogênicas gram-negativas resistentes a vários antibióticos.
(1) Publicação do estudo: ACS
(2) Lembrando que o uso terapêutico da maconha NÃO deve ser confundido com o uso recreativo. Para mais informações, acesse: Fumo e uso recreativo da maconha: Lobo sob pele de cordeiro
Composto na maconha atua como um poderoso antibiótico
Reviewed by Saber Atualizado
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março 09, 2020
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