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Colombo não estava mentindo sobre os canibais do Caribe, apontam evidências


As origens das primeiras pessoas que colonizaram as Ilhas do Caribe têm sido um alvo de intenso debate acadêmico nos últimos 30 anos. Hipóteses distintas têm identificado cinco migrações separadas a partir do continente, mas ainda não tinham adereçado satisfatoriamente a colonização das Bahamas. Agora, analisando crânios de habitantes pré-Colombianos na região do Caribe, pesquisadores da Universidade do Estado da Carolina do Norte esclareceram o quadro geral das migrações Caribenhas e trouxeram sólidas evidências corroborando a narrativa de Cristóvão Colombo (1451-1506) envolvendo alegados "invasores canibais".

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Segundo os relatos de Colombo, quando este chegou no Caribe encontrou perigosos canibais atacando pacíficos habitantes de vilas Arawak, devorando os homens e tomando as mulheres como esposas. No momento em que Colombo desembarcou na primeira ilha dos Bahamas - Guanahaní - ele escreveu: "Eu vi alguns que tinham marcas de feridas sobre seus corpos e eu fiz sinais para eles perguntando o que eles [invasores] eram, e eles me mostraram como pessoas de outras ilhas próximas [Caribs] vinham de lá e tentavam tomá-los, e como eles se defendiam; e eu acreditei e acredito que eles vêm de Tierra Firme para tomá-los como prisioneiros". Essa menção é a primeira de dez alusões às invasões no Caribe durante a primeira viagem do navegador e explorador Italiano.

Canibalismo no Brasil, por Theodor de Bry, 1596. Típica retratação dos Europeus colonizadores sobre rituais de canibalismo (antropofágicos) praticados por povos nativos na América do Sul.


No entanto, arqueólogos têm questionado esses relatos baseando-se na possível confusão entre Carib e Caniba (indivíduos Asiáticos associados ao Grande Khan), considerando que os verdadeiros Caribenhos nunca teriam avançado ao norte além do que Guadeloupe nas Pequenas Antilhas. O termo 'Caniba' foi de fato usado erroneamente por Colombo para descrever os invasores, e seus sucessores Espanhóis o corrigiram poucas décadas depois, para 'Carib', mas ambos os nomes - cujas sonoridades são semelhantes entre si - levaram a maioria dos arqueólogos a desconsiderarem a correção: como os Caribenhos teriam estado nas Bahamas quando seus mais próximos estabelecimentos estavam a centenas de quilômetros ao sul?

O arquipélago Caribenho se estende por quase 3 mil quilômetros da boca do Rio Orinoco na América do Sul até a Flórida e o Yucatán fechando o Mar do Caribe com três principais agrupantes de ilhas consistindo das Pequenas Antilhas, das Grandes Antilhas, e Os Bahamas. A geografia no Caribe - especialmente estruturas rochosas ligando as ilhas - facilitou as dispersões de animais na região ao longo da pré-história, incluindo humanos.



O primeiro e ainda popular sistema proposto para o povoamento do Caribe por pequenos grupos de caçadores, pescadores e coletores - via canoa - é baseado nas diferenças tecnológicas de diferentes períodos. Nesse sentido, primeiro teria ocorrido a migração da Idade Lítica (tecnologia de pedra lascada) atravessando a passagem do Yucatán da América Central para a Hispaniola e Cuba entre 4 mil e 5 mil anos a.C.; uma migração da Idade Arcaica (tecnologia de pedra polida) de Trinidade para as Grandes Antilhas através das Pequenas Antilhas ao redor de 2500 a.C.; e uma migração da 'Idade da Cerâmica' (série Saladoide de cerâmicas) da boca do Rio Orinoco (Venezuela/Guiana) através das Pequenas Antilhas até Porto Rico, ao redor de 500 b.C. Após alcançar Porto Rico, houve um hiato de 1000 anos antes da expansão da Idade da Cerâmica terminar com a colonização da Hispaniola, Jamaica, Cuba e As Bahamas.

Nesse ponto, diferentes propostas de rotas migratórias para esclarecer essa última expansão têm sido largamente baseadas em evidências arqueológicas de similaridades e dissimilaridades nos estilos de cerâmica, o que provoca fervorosos debates acadêmicos. Enquanto que evidências genéticas (DNA antigo) são muito limitadas para a resolução dessa questão, morfologia craniofacial têm ganhando cada vez mais foco.

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No novo estudo, publicado na Scientific Reports (1), os pesquisadores utilizaram 'assinaturas' faciais - como o tamanho dos buracos dos olhos ou tamanho do nariz - para analisar mais de 100 crânios datados de ~800 até 1542 d.C., servindo como substituintes para os registros genéticos. As análises cranianas não só revelaram três distintos grupos de indivíduos Caribenhos, como também suas rotas migratórias.

Seguindo o "rastro craniano", os pesquisadores mostraram que os mais antigos estabelecimentos no Caribe vieram do Yucatán, movendo para Cuba e as Antilhas do Norte, o que dá suporte para hipóteses prévias baseadas em similaridades de ferramentas de pedras. Falantes Arawak da costa da Colômbia e da Venezuela migraram para Porto Rico entre 800 e 200 b.C., uma viagem também documentada via análises de cerâmicas. No entanto, os mais antigos habitantes das Bahamas e da Hispaniola, não eram de Cuba como comumente pensado, mas do Nordeste da Amazônia - os Caribs. Ao redor de 800 d.C., eles avançaram para o norte alcançando a Hispaniola e a Jamaica e então as Bahamas, onde eles estavam bem estabelecidos na época da chegada de Colombo.

Esse novo cenário também resolve outro mistério: por que um tipo distinto de cerâmica conhecida como Meilacoide aparece na Hispaniola em torno de 800 d.C., na Jamaica em torno de 900 d.C. e nas Bahamas em torno de 1000 d.C.? Ou seja, esse tipo de cerâmica está associado com a expansão dos Caribs. O repentino aparecimento da cerâmica Meilacoide também corresponde com uma grande variação dos povos no Caribe após um período de 1000 anos de tranquilidade, outra evidência das ações dos invasores Caribs muito além de Guadeloupe.

Mas e quanto ao canibalismo relatado por Colombo?

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Segundo os autores do estudo, os Arawaks e os Caribs eram inimigos, mas eles frequentemente viviam lado a lado através de ocasionais inter-casamentos antes de sanguinolentos conflitos explodirem. Assim, é possível que algum canibalismo estivesse envolvido como uma arma de terror contra os inimigos nos períodos mais tensos.

Independentemente se os Caribs eram canibais ou não - e do contexto associado aos rituais antropofágicos -, a história relatada por Colombo teve um grande impacto na região. A monarquia Espanhola inicialmente insistiu que os povos nativos deveriam ser pagos para trabalhar e ser tratados com respeito, mas acabou revertendo essa posição após receber os reportes de que os nativos se recusavam a serem convertidos ao Cristianismo e que comiam carne humana; decidiram pela escravidão. Nesse momento, todos os nativos do Caribe se tornaram 'Caribs' para os Colonizadores.


(1) REFERÊNCIA
Colombo não estava mentindo sobre os canibais do Caribe, apontam evidências Colombo não estava mentindo sobre os canibais do Caribe, apontam evidências Reviewed by Saber Atualizado on janeiro 11, 2020 Rating: 5

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