Estudo reforça que grávidas não devem usar maconha: alto risco de danos cerebrais no feto
Com o aumento de popularidade da maconha, especialmente em meio à tendência de legalização dessa droga para o uso recreativo ao redor do mundo, e por causa dos vários alegados benefícios medicinais do seu uso - corroborados cientificamente ou não -, muitas mulheres grávidas estão usando a droga de forma não-medicinal e não-segura, principalmente para a amenização de enjoos matinais. Só nos EUA, de 34% a 64% das mulheres usuárias de maconha continuam usando a droga durante a gravidez por acreditaram que o hábito é totalmente seguro. No país, em geral, é estimado que houve um aumento de 62% do uso de maconha por grávidas entre 2002 e 2014.
O uso frequente de maconha - leve, moderado ou pesado - durante a gravidez é altamente perigoso para o feto, e está associado a problemas de sono, nas funções cognitivas, nas funções executivas (lobo frontal) - racionalização, atenção, impulsividade, motivação e sintomas afetivos (depressão_ e de ansiedade ao longo do desenvolvimento da criança. Aliás, o aumento do uso de maconha pelas grávidas, expondo cada vez mais os fetos aos canabinoides, tem sido sugerido como uma das causas para o aumento nas taxas de crianças com autismo e com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A gravidade dos riscos aumenta ainda mais com o uso da maconha via fumo, o qual por si só gera as mesmas substâncias cancerígenas do cigarro (1).
(1) Para mais informações, acesse: Fumo e uso recreativo da maconha: Lobo sob pele de cordeiro
Agora, um novo estudo apresentado no 2019 Experimental Biology (2), um encontro anual da Sociedade Americana para a Farmacologia e Terapêutica Experimental, reforçou os efeitos deletérios decorrentes da exposição dos componentes da maconha ao cérebro em desenvolvimento do feto. Através de estudos em modelos animais, os pesquisadores mostraram que a droga altera as intricadas conexões em nervos presentes no hipocampo, a principal região no cérebro de aprendizado e de memória.
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Para chegarem nessa conclusão, o time de pesquisa criou vários grupos de ratos e expôs algumas das fêmeas grávidas a uma substância sintética que ativa as mesmas proteínas ativadas pelos componentes farmacológicos do cannabis. Os pesquisadores usaram doses equivalentes ao consumo moderado e ao pesado de maconha em humanos. Examinando o cérebro dos filhotes nascidos posteriormente - via estudos electrofisiológicos, imunoquímicos e comportamentais -, foi encontrado que as conexões, ou sinapses, entre os nervos no hipocampo foram reduzidas naqueles filhotes cujas mães foram expostas ao cannabis sintético. Especificamente, os pesquisadores encontraram forte evidência de que a raiz do problema foi uma redução na expressão de moléculas/peptídeos de adesão celular neural (NCAM), um tipo de proteína importante para a manutenção de uma conexão neural adequada e para o fortalecimento sináptico (no caso, na modulação da neurotransmissão glutamatérgica mediada por NMDA).
Uso de tabaco (fumo de cigarro, narguilé, etc.), cigarros eletrônicos, bebidas alcoólicas, e drogas ilícitas em geral, são terminantemente proibidas para as grávidas. O novo estudo vêm também para reforçar que o consumo da maconha precisa também ser evitado durante a gravidez, especialmente no primeiro trimestre. Isso corrobora vários estudos prévios sobre o tema. Grávidas, crianças e adolescentes são os três grupos mais vulneráveis ao impacto negativo do uso indiscriminado da maconha, principalmente na forma do fumo.
(2) Publicação do estudo (abstract): EB2019
Referência adicional: Eurekalert
Estudo reforça que grávidas não devem usar maconha: alto risco de danos cerebrais no feto
Reviewed by Saber Atualizado
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abril 14, 2019
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